O QUE HÁ
O que há
pousado em uma brisa outonal
é o mesmo
frescor de uma palavra nua;
rodando de
mãos dadas com a aura da lua,
leva as andorinhas
para um outro litoral.
Quando as Jubartes
invadem a praia sua,
um sol frio
vigiando as roupas no varal,
espera vestir
o trabalhador que não sua
e o que há de
poesia neste imenso sarau.
Há cães
ladrando pela amizade duradoura,
dona Aranha
recita da sua cadeia infinita,
na tarde que
cai como Jesus na manjedoura.
O terceiro
olho pousando no chão o céu fita
a tez da
mãe Terra no poente que se doura
e enaltece o
que há dentro de nós que levita.
Sérgio Brandão, 21.09.2012.